Débora: Meu lugar no Mundo – Franquia The Sims

1 - Essa narração é feita a partir da história e jogabilidade de The Sims Bustin' Out do console GBA;

2 - Os diálogos do jogo usado são em espanhol, como tudo, aliás. Portanto, estarei adaptando as conversas para que fluam normalmente.

Episódio 1: Confusão Familiar

  Oi.

  Tudo bem?

  Qual é o seu nome?

  Prazer.

  O meu é Débora.

  Débora Magnus.

  Quer ouvir um pouquinho da minha história?

  Bom, já que ainda está aqui, vou presumir que sim.

  Cresci em uma bela família tradicional da classe média. Mãe e pai formados, eu como filha única, avós fazendeiros... tudo lindo. Até a minha pré-adolescência, vivi num mundinho mágico, em que meu gatinho, Bombom, era o rei. Não fui uma aluna ruim, sabe? Matemática me intimidava, mas eu sempre terminava vencendo-a.  Um dia, uma pergunta banal, comumente feita a qualquer criança, deu início a minha incessante jornada em busca do meu lugar.

– Débora – chamou-me minha mãe – vai ser o que quando terminar os estudos, filha?

  Já ouvi relatos de várias respostas diferentes: médico, dentista, advogado, astronauta, jogador de futebol, cantor, bailarino, cabeleireiro, estilista, pintor, guitarrista, presidente, historiador, veterinário, e, claro, a típica “não sei”. Mas a minha resposta, por razão desconhecida, irritou profundamente minha mãe. 

 - Não quero terminar os estudos, mãe. Odeio a escola.

  Não é incomum que crianças odeiem a escola, afinal, algumas ainda não aprenderam a lidar com responsabilidades e deveres. O incomum da história foi a erupção de fúria que eclodiu da minha mãe. Claro, vinda de uma família em que todos têm um diploma, como, em pleno século XXI, eu não iria querer me formar?

  Com o apoio do meu pai, minha mãe me enfiou goela abaixo todos os tipos de conteúdo educacionais que podiam. Meus presentes se resumiam a literaturas clássicas, enciclopédias e manuais de redação nota 1000.

  Tamanha pressão durou até os meus catorzes anos de idade, quando os meus pais decidiram que eu iria para Britechester, um colégio rigoroso recém-inaugurado em SimCity. Nesse momento, bati o pé e disse que não iria para lá, pois, se eu fosse me formar, seria na escola que me atraísse, e não na que outras pessoas escolhessem.

   E tudo começou a girar em meio disso: eu querer fazer o que gosto, enquanto outras pessoas tentavam me manter no padrão.

   Uma guerra se alastrou no meio da minha família. Pais, tios, avós, primos... todos completamente dispostos a opinar sobre o que deveria ser minha decisão de vida.

- Você tem catorze anos, Débora – observou minha mãe, ironicamente óbvia – Não consegue escolher nem seus calçados.

- Será que é porque você não me dá tempo de escolher?

- Não fale assim com a sua mãe!

- A menina tem o direito de decidir sobre seus estudos, Jorge.

- A dona Amélia tem razão. Débora pode e deve escolher o que e onde estudar. É o futuro dela.

  Por fim, em completa zanga, decidi que, por conta própria, encontraria meu lugar, fosse num escritório, numa fazenda, na escrita, no cálculo, num foguete no espaço, ou... na casa do meu tio Palurdete, que mora em SimValley, uma cidadezinha de interior.

  Com a ajuda dos parentes que ficaram do meu lado (pois meus pais se negaram a me ajudar), cheguei a um hotel na fronteira da pequena cidade, quando recebi a carta do meu tio.

  “Você está em SimValley, Débora! Fico muito feliz que venha este verão. Não somos grandes como SimCity, mas com o dobro de personalidade. Venha me ver assim que chegar. Tio Palurdete.”

  Com simpáticas boas-vindas, peito inflando de esperança, e muita curiosidade para descobrir qual será o meu lugar no mundo, peguei carona com um carrinho de carroceira e segui para a velha fazenda do meu tio, sentindo-me capaz de desmentir a suposição dos meus pais de que eu voltaria arrependida para casa e pediria para estudar no colégio escolhido por eles.

  Jamais.

  Eles podem ser meus pais.

  Mas eu sou dona de mim.

Episódio 2 aqui.